Linguim

Linguim.com allows you to learn new languages completely free of charge. Choose a language and start learning!

Bienvenido!
Unirse | Iniciar Sesión

Leer en Portugués

Los brasileños hacen las fiestas de cumpleaños como nadie más en el mundo! Escoger los dulces, hacer las invitaciones y preparar la comida son de las actividades favoritas de los brasileños. En ocasiones no se sabe quien disfruta más de las fiestas infantiles, si los niños, o los adultos!

En esta lección vamos a leer. Intenta comprender todo el texto. Si no entiendes partes del texto, regresa a las lecciones anteriores y repasa todo el contenido. No sigas a las siguientes lecciones hasta que te sientas cómodo leyendo esto.

Festa de Criança / Luis Fernando Verissimo

         Você reconhece quem teve uma festa de criança em casa no dia anterior. Alguma coisa no rosto. A expressão de quem chegou a terrível conclusão de que Herodes talvez tivesse razão.
- Que respiração ofegante o senhor tem!
- Foi de tanto encher balão.
- Que dificuldade o senhor tem para caminhar!
- Foi de tanto levar canelada tentando apartar briga.
- Como suas mãos estão trêmulas!
- Foi de tanto me controlar para não esgoelar ninguém!
    Respeito e consideração para quem teve uma festa de criança em casa no dia anterior. 
    O pai e a mãe estão atirados num sofá, um para cada lado.  Já é noite, mas a festa ainda não acabou. Sobram três crianças que não param de correr pela casa.
- Tenho uma idéia – diz o pai.
- Qual é?
- Vamos mandar eles brincarem no meio da rua. Esta hora tem bastante movimento.
- Não seja malvado. Daqui a pouco eles vão embora.
- Quando? Essas três foram as primeiras a chegar. Acho que os pais deixaram elas aqui e fugiram para o exterior.
    Uma menina cruza a sala na corrida. Quando chegou, tinha o vestido mais engomado da festa. Depois de três banhos de guaraná e uma batalha de brigadeiro, parece uma veterana das trincheiras.
- Essa ai é a pior – dia o pai, num sussurro dramático – Essa baixinha! É um terror!
- Coitadinha. É a Cândida.
- Cândida?! É uma terrorista!
- Sshhh.
- De onde saiu essa figura?
- É uma colega do Paulinho.
- E aquele ranhento que não para de comer?
- É o Chico. Também é colega.
- Será que não alimentam ele em casa? E o outro, o que está pulando de cima da mesa?
- É o Paulinho! Você não reconhece o seu próprio filho?
- Ele está coberto de chocolate.
- É que ele teve uma luta de brigadeiros com a Cândida...
- E perdeu, claro. A Cândida é imbatível. Guerra de brigadeiros, jiu jitsu, vôlei com balão, hipismo com cachorro. Ela foi a única que conseguiu montar no Atlas.
- Por falar nisso, onde é que anda o Atlas?
- Fugiu de casa, lógico. Era o que eu devia ter feito.
- Ora, é só uma vez por ano...
- Você precisava me lembrar? Pensar que daqui a um ano tem outra...
- Você não pode falar. Você também gosta de fazer festa no seu aniversário.
- Mas nós somos finos. Nenhuma festa teve guerra de chocolate. Nós bebemos como pessoas civilizadas.
- Ah é? E o anão com o trombone?
- Essa história você inventou. Não havia nenhum anão com um trombone.
- Ah, não? A Araci é que sabe dessa história. Só que ela foi embora no mesmo dia.
    O Chico se aproxima.
- Tem mais cachorro, quente?
- Não, meu filho. Acabou.
- Brigadeiro?
- Também acabou, Chico.
- Dá uma lambida na cabeça do Paulinho – sugere o pai, sob um olhar de reprimenda da mãe
- Puxa, não tem mais nada? – diz Chico. E se afasta, desconsolado.
- E ainda reclama!
- Shhh
- Bom, você eu não sei, mas eu...
- Você o quê?
- Vou tomar meu banho, se é que ainda tenho forças para ligar um chuveiro, e ver televisão na cama.
- E quando chegarem os pais?
- Que pais?
- Os pais da Cândida e dos outros, ora.
- O que é que eu tenho com eles?
- Quando eles chegarem, você tem que receber.
- Ah, não.
- Ah, sim!
    Batem na porta. O pai vai abrir, esbravejando sem palavras. É um casal que se identifica como os pais da Cândida.
- Entrem, entrem.
- Nós só viemos buscar a...
- Não, entrem. A Cândida não vai querer sair agora. Ela é um encanto. Meu bem, os pais da Cândida. Sentem, sentem.
    O pai esfrega as mãos, subitamente reanimado.
- Quem sabe uma cervejinha? Querida, vá buscar.
    Como Araci se foi, a própria mãe – que se ocupou com a festa desde de manhã cedo, que mal se aguenta em pé, que podia matar o marido - vai buscar a cerveja. Pisando nos embrulhos de doces, nos copos de papelão e nos balões estourados que cobrem o chão e que ela mesma terá que limpar no dia seguinte. Respeito e consideração para as mães que tiveram festa de criança em casa, no dia seguinte.
    Enquanto isso o pai acaba de abrir a porta para os pais do Chico e os manda entrar, entusiasmado com a idéia de começar sua própria festa.
- Querida, mais cerveja!